O ser humano é um ser essencialmente social, a ponto de sua estrutura orgânica e neural apenas se desenvolver adequadamente quando inserido em uma coletividade. Nossa vida diária é permeada de interações, do o momento em que acordamos, no convívio com familiares e pessoas íntimas, até quando encontramos conhecidos que cumprimentamos pelo caminho, passando pelas interações com colegas de trabalho até chegar aos momentos de entretenimento com amigos no fim de semana. Todas essas interações são fortemente influenciadas (quando não mediadas) pelas emoções.
As emoções são o tempero de nossa vida, o cerne da experiência humana, que, como fala Silvan Tomkins, influenciam nossas decisões, comportamentos e pensamentos e, dessa maneira, influencia também as nossas reações. Um amigo que lhe chega com uma expressão taciturna despertará comportamentos diferentes do que outro que nos chega sorrindo e de braços abertos. Assim, da mesma forma que você aproveitará mais a companhia de seus filhos quando estiver relaxado do que após um dia estressante no trabalho.
Todas essas emoções são eventos privados, ou seja, ocorrem dentro de nós, iniciando em nosso cérebro, mas, parte dessa emoção é visível em todos os seres humanos. Nossa face é a tela onde as emoções são exibidas, — o psicólogo estadunidense Paul Ekman, um dos psicólogos mais influentes do século XX, encontrou em mais de 70 anos de pesquisa evidências de que a expressão facial das sete emoções primárias é comum a todos os seres humanos, independente de sua etnia, cultura ou idade.
Dessa maneira, temos uma porta de entrada segura para reconhecer as emoções das pessoas com quem interagimos com base em sues movimentos faciais, e assim seremos capazes de compreender melhor suas motivações e lidar com elas de maneira acertada. Pense em quantos negócios fecharia com mais segurança, quantas discussões poderia ter evitado ou de quantas ciladas poderia ter fugido se fosse capaz de perceber as emoções que as pessoas sentem, mesmo que elas tentassem ocultá-las?
Shakespeare diz que todo homem deveria ser aquilo que parece, mas em nossa sociedade não é assim que ocorre. Tendemos a ser muito cuidadosos com a exposição de nossas emoções, pois muitas vezes tememos que ao revelar nossas verdadeiras motivações e sentimentos isso fragilize nossa posição nas relações, ou mesmo porque não sabemos lidar com elas e em alguns casos simplesmente porque estamos mesmo mentindo. Mas a ciência está do lado de quem busca a verdade e nossas emoções dificilmente podem ser ocultadas daqueles que detém o conhecimento técnico para analisar as expressões faciais. Se, por exemplo, nos sentimos irritados com algo, mas tentamos não demonstrar e sorrimos para encobrir nossa raiva, a emoção real pode aparecer um breve momento em nosso rosto, revelando-a. Estes lampejos são movimentos muito rápidos e sutis, e estão intrinsecamente ligados ao episódio emocional, eles são chamados de microexpressões faciais.
Por isso, a análise da expressão facial das emoções torna-se um recurso indispensável para o sucesso em nossas relações pessoais e profissionais. Aprender a identificar cada uma das emoções através de ferramentas científicas é uma competência extremamente valiosas em um mundo onde tudo depende da qualidade de nossas interações.
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